PAREDES
Comissão instaladora foi apresentada na segunda-feira.
Movimento de Cidadãos vai lutar contra “taxas ilegais” de água e saneamento
Nasceu em Paredes um movimento de cidadãos para cidadãos que diz pretender esclarecer a população e ajudá-la a lutar pelos seus interesses. O Movimento de Cidadãos por Paredes (MCP), que em breve se constituirá como associação, já tem uma comissão instaladora que foi apresentada na passada segunda-feira e travará a primeira luta em torno do negócio da água no concelho, adiantou José Henriques Soares, ex-presidente do Núcleo Paredes Cidade do PSD e um dos mentores deste Movimento. "Os cidadãos de Paredes têm sido maltratados pela Veolia, para não dizer por outra entidade.
Não é justo que sejamos um dos únicos concelhos que continua a cobrar as taxas de ramais de água e saneamento. Queremos pôr um ponto final nisso", explicou o ex-chefe de gabinete do presidente da Câmara de Paredes.
Nesse sentido, o primeiro passo será o estabelecimento de uma parceria com a ACOP – Associação de Consumidores de Portugal para depois fazer entrar no Tribunal Administrativo de Penafiel uma providência cautelar para obrigar a empresa concessionária das águas de Paredes a retirar dos seus regulamentos "estas taxas ilegais" e devolver o dinheiro a quem estas foram cobradas.
Objectivo é lutar pelos interesses da população
Cerca de sete dezenas de cidadãos assistiram, na segunda-feira, à apresentação da comissão instaladora do MCP. Seguir-se-á a constituição dos estatutos da Associação para depois, num prazo máximo de um ano, se eleger uma direcção. Foi Sandro Rocha, um dos membros da comissão, quem adiantou a primeira luta a ser travada – a água, falando do "secretismo" das negociações com a Veolia, da constituição de um contrato que prevê a cobertura de todo o concelho quando existem freguesias com os seus próprios sub-sistemas, dos quais não querem abdicar.
E será este o objectivo do MCP: ajudar as pessoas a enfrentar este tipo de monopólios. No que toca à água, realçou José Henriques Soares na sua intervenção, já se fala na possibilidade de privatização, algo que os cidadãos devem impedir a todo o custo. "Já basta as lutas que temos que travar contra esta forma camuflada de privatização a que muitas autarquias deram cobertura - as concessões a longo prazo -, que usam os mais perversos métodos de ameaça para impor a sua lei", sustentou. Enfatizando que cabe aos cidadãos mobilizarem-se para defender os seus direitos, o actual funcionário da Câmara de Paços de Ferreira realçou que as taxas de ramais de água e saneamento são ilegais e continuam a ser cobradas pela Veolia "com a bênção" da Câmara de Paredes.
Na sessão marcou presença Paulo Morais que falou da situação económica e política actual, acentuando que a pior crise é a da democracia. O ex-vice-presidente da Câmara do Porto falou da promiscuidade existente entre as estruturas políticas e empresariais e da corrupção, que torna hoje a política numa "megacentral de negócios", realçando a importância de se criar movimentos de cidadãos para lutar contra tudo isto.
Movimento pode dar origem a candidatura à Câmara
Para os mentores deste Movimento, a Câmara devia actuar como uma "almofada" para os cidadãos, sobretudo nesta altura de crise. E devia ter cumprido a obrigação de, "suspender esta taxa ilegal da Veolia. "A Câmara tem esse poder mas não o fez, não se importa com os seus cidadãos", critica José Henriques Soares, adiantando que o Movimento poderá entrar, muitas vezes, ao confronto com a Câmara, na defesa dos interesses da população.
Questionado sobre se o MCP pode vir a adquirir um carácter político, o militante do PSD, deixou claro que a Associação constituída seguirá o seu próprio caminho. "Mas isso não quer dizer que não existam aqui pessoas que sintam que valha a pena apostar noutro caminho, muito mais político, e, eventualmente, numa candidatura à Câmara. Isso não está excluído", garantiu. "Estamos cansados, e eu pessoalmente, do show-off que a Câmara tem feito", concluiu.